X JORNADA TUBARONENSE DE PSICANÁLISE
Inscrições: https://encurtador.com.br/NpwiG
Pode ser que minha política de evitar ampla publicidade seja, em parte, responsável por isso. Se eu tivesse incentivado ou permitido tempestuosos debates com as sociedades médicas de Viena sobre a psicanálise, talvez eles tivessem servido para descarregar todas as paixões e para dar livre curso a todas as injúrias e ofensas que estavam na língua ou no coração dos nossos adversários - daí, talvez, o anátema contra a psicanálise tivesse sido superado e ela agora não fosse mais uma estranha em sua cidade natal.
(Freud, 1996, p. 49. "O movimento psicanalítico")
Prezados colegas e membros da comunidade psicanalítica,
A X Jornada Tubaronense de Psicanálise, que acontecerá no dia 18 de outubro de 2025, tem como tema principal o Retorno a Freud: Da ética aos conceitos fundamentais, título este que é uma convocação ao resgate não apenas dos eixos centrais do pensamento freudiano, mas também dos desafios institucionais e prático-teóricos que marcaram sua trajetória. Destacam-se, nesse sentido, os textos de Lacan que promovem a discussão referente a temática em pauta, entre eles: *"Função e Campo da Fala e da Linguagem em Psicanálise"* (1953), onde Lacan lança a máxima "retorno a Freud", e o *"Seminário 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise"** (1964), nos quais ele retoma a metapsicologia freudiana em sua integralidade.
*O que significa retornar a Freud? *
O retorno a Freud não é um apelo à ortodoxia, contudo um movimento que privilegia o rigor da revisitação crítica e do aprofundamento conceitual realizado por Lacan. Esse retorno se faz necessário frente à dispersão teórica contemporânea, onde muitas vezes se perde a potência do inconsciente estruturado como linguagem e da transferência enquanto motor da clínica. Retornar a Freud implica redescobrir a subversão do sujeito, da escuta, da radicalidade da metapsicologia e da necessidade de uma ética fundamentada no desejo do analista. Como enfatiza Lacan, esse retorno deve ser feito a partir do próprio texto freudiano, evitando interpretações reducionistas e distorções que comprometem os fundamentos da psicanálise.
Ao longo de sua caminhada, Freud não apenas construiu um campo de saber, mas enfrentou resistências contundentes. Desde os embates com seus dissidentes - que buscaram modificar suas formulações fundamentais - até os embates com o meio acadêmico e médico. A trajetória freudiana foi marcada por desafios institucionais que colocavam em risco a própria continuidade da psicanálise. Sobre os embates de Freud e os problemas da instituição, destaca-se que desde o início Freud também valorizou uma construção coletiva da psicanálise, fazendo da instituição um lugar de enriquecimento da práxis analítica a partir do trabalho e do estilo dos analistas. Lacan, também seguiu sua trilha, quando também destaca a psicanálise em extensão para pensar os desdobramentos da práxis e da transmissão da psicanálise. Teoricamente, os momentos de revisão em sua obra, como a segunda tópica e a inclusão da pulsão de morte, são expressões de uma constante luta para manter a coerência e a vitalidade de sua descoberta. Lacan, ao longo de seus seminários, reforçou a necessidade de se manter fiel ao espírito inovador e revolucionário de Freud, evitando o reducionismo adaptativo que muitas escolas psicanalíticas insistiam em adotar. Nos *"Escritos"*, Lacan denuncia a diluição da psicanálise em abordagens adaptativas e reforça a necessidade de um rigor conceitual que preserve o cerne da descoberta freudiana.
Nossa Instituição busca aprofundar essas questões, proporcionando um espaço de reflexão sobre como podemos, na contemporaneidade, realizar esse retorno sem cair em anacronismos ou dogmatismos. O convite é para analistas, estudantes e pesquisadores interessados em retomar Freud a partir do rigor de sua própria obra e das consequências clínicas que dela decorrem. Como enfatizou Lacan, somente um retorno rigoroso a Freud pode permitir que a psicanálise continue sendo um discurso íntegro, vivo e relevante. Fundamental memorar as palavras de Lacan:
Com efeito, creio que o retomo aos textos freudianos, que são objeto do meu ensino há dois anos, proporcionou-me, ou melhor, proporcionou a todos nós que trabalhamos em conjunto, a ideia cada vez mais clara de que não há apreensão mais completa da realidade humana que a feita pela experiência Freudiana, e que não podemos deixar de retornar as fontes e apreender estes textos em todos os sentidos da palavra. Não podemos deixar de pensar que a teoria da psicanálise e ao mesmo tempo sua técnica, que não formam se não uma única coisa, sofreram uma espécie de encolhimento, e, a bem da verdade, de degradação. É que, de fato, não é fácil manter-se no nível de tal plenitude. (Lacan, 2005, p. 11-12)
É com alegria que lhe convidamos a participar de nossa X Jornada Tubaronense de Psicanálise, com a conferência de Pedro Heliodoro Tavares e apresentação de mesas de trabalho.
O quê? X Jornada Tubaronense de Psicanálise.
Quando? 18 de outubro de 2025, às 8h (Credenciamento).
Onde? Art Hotel, Av. Marcolino Martins Cabral, 682, Tubarão-SC.
Quem? Conferencista Pedro Heliodoro Tavares, e apresentação de mesas de trabalho.
Quanto? R$180,00 (Estudantes); R$ 220,00 (Associados AMPSC); R$ 280,00 (Público externo e Profissionais).
Sobre o convidado: Pedro Heliodoro Tavares é Psicanalista, Doutor em Psicanálise e Psicopatologia pela Université Paris VII. Pós-doutorado no Zentrum für Literatur und Kulturforschung, em Berlin. Coordenador da Coleção Obras Incompletas de Sigmund Freud, pela Editora Autêntica. Professor da USP e UFSC (2011-2014).
“Fundo - tão sozinho quanto sempre estive em minha relação com a causa psicanalítica - a Escola Francesa de Psicanálise, da qual garantirei, nos quatro próximos anos pelos quais nada no presente me proíbe de responder, pessoalmente a direção”. (Lacan, Ato de fundação, 2003, p. 235)
A IX Jornada Tubaronense de Psicanálise que acontecerá no mês de outubro de 2024, tem como tema principal a formação do psicanalista intitulando-se “ A(barrado) formação do psicanalista em crise e o lugar da instituição psicanalítica”, pretende abordar questões que interrogam os psicanalistas frente ao processo formativo do analista na atualidade.
As mesmas perguntas que ocuparam Freud e ainda hoje ocupam as sociedades psicanalíticas contemporâneas, nos atravessam e nos convocam a refletir sobre o campo psicanalítico e a formação psicanalítica nas escolas, assim como nos ensina Lacan, em seu ato de fundação, apontando um caminho possível para pensar a transmissão da práxis psicanalítica.
Freud nos ensina que para tornar-se psicanalista, o sujeito precisa tornar-se candidato à análise, passar por sua análise pessoal, além de estudar a teoria e realizar supervisão dos seus atendimentos a fim de manter-se no lugar de analista. De modo que a escuta de um analista de controle, possibilita a operação da relação dual entre analista e analisando.
A partir do exposto, podemos então elaborar alguns questionamentos:
Como o saber inconsciente, vivido na práxis clínica, pode ser transmitido um a um? Como podemos apreender que a experiência da transferência possa despregar seus efeitos no tratamento para que uma prática psicanalítica possa assim ser reconhecida? E por fim, qual o lugar da instituição para a formação do analista?
As palavras de Lacan no ato de fundação de sua “Escola”, têm servido como direção para a emergência de muitas instituições com a proposta de transmitir o legado de nossos mestres. No entanto, há um elemento importante e ao mesmo tempo delicado no que Lacan escreveu, diante da apropriação e má compreensão de suas palavras - obviamente não há comunicação sem equívoco - quando menciona que funda a escola, tão sozinho quanto sua relação com a causa psicanalítica.
A intenção do dito lacaniano, referente a excomunhão, produz também o sentido de enunciação, que nos leva a pensar que cada candidato a analista leva sua formação e sua autorização como analista por caminhos muitas vezes solitários, individuais e singulares. A importância desse tema, marca o desafio com o qual os psicanalistas se deparam em seu trabalho cotidiano sobre o pensar sua formação permanente.
A partir do exposto, convidamos aos analistas em formação permanente, a participar de mais uma jornada psicanalítica, que nos convoque a pensar a psicanálise, o lugar da formação e da instituição, além de seus atravessamentos na atualidade.
O quê? IX Jornada Tubaronense de Psicanálise
Tema: A(barrado) formação do analista em crise e o lugar da instituição psicanalítica
Convidado: Jorge Sesarino
Quando? Sábado, 26 de outubro, das 8h30 às 17h
Onde? Art Hotel, Tubarão - Av. Marcolino Martins Cabral, 682 - Centro
Quanto? Inscrições até 19/10: Associados AMPSC, R$90,00; Estudantes, R$ 90,00; Profissionais, R$180,00;
inscrições a partir de 20/10: Associados AMPSC, R$140,00; Estudantes, R$140,00; Profissionais, R$230,00.
Cronograma da Jornada:
8h30 - Credenciamento
9h - Conferência com Jorge Sesarino
11h30min - Mesa de Trabalho: A formação do analista
12h30min - Almoço
14h - Retorno
14h30min- Mesa de Trabalho: O analista e a transmissão da Psicanálise
15h30min. - Mesa de Trabalho: Casos clínicos e a supervisão: recortes da práxis analítica
16h30min - Encerramento
17h - Coquetel
Art Hotel: Av. Marcolino Martins Cabral, 682 - Centro, Tubarão - SC,
A VIII Jornada Tubaronense de Psicanálise, que acontecerá dia 28 de outubro de 2023, tem como tema principal “O sujeito na psicanálise e a clínica contemporânea”, de onde resultou o título: “ Que sujeito se escuta? ”
Título esse que é uma provocação, pois, até que ponto, o analisante se coloca na escuta do seu inconsciente? Ou ainda, quem é o sujeito e o que ele demanda da clínica psicanalítica na atualidade? ” Pensar a clínica psicanalítica, requer antes de tudo, que possamos demarcar o sujeito que a concerne.
Freud, a partir de sua experiência clínica aponta para o sujeito do desejo, articulando-o ao princípio do prazer e à repetição. Tais pressupostos lhe deram condições de estabelecer não só a teoria psicanalítica e o sujeito do inconsciente, como também, a inventar uma prática para o tratamento psíquico.
A importância desse tema, marca o desafio com o qual os psicanalistas se deparam em seu trabalho clínico cotidiano: articular os fundamentos teóricos da psicanálise sobre o sujeito do inconsciente, a partir de Freud e seguindo por Lacan, aos tempos recentes, aos quais os analistas são impelidos à considerar, devido à permanente impossibilidade da psicanálise, como também de outros saberes, frente à questão sempre tangente da articulação conceitual de sujeito e seus sintomas.
De tal modo que retornar à Letra freudiana e seus pressupostos, significa considerar aquilo que funda o sujeito do inconsciente: o corte simbólico, a barra que divide o sujeito. A inscrição do corte simbólico, também denominado por castração, designa uma experiência psíquica importante, convocando o sujeito a reconhecer o lugar da incompletude e da falta. Entretanto, é o que possibilita o advir do inconsciente como uma instância psíquica que constitui o sujeito como dividido, de acordo com Lacan, pois se há falta, há desejo. Mesmo diante da mutações sociais e avanços teóricos de outras áreas de saber, o rigor exigido pela psicanálise, de seus conceitos e sua técnica, não pode ser lido como rigidez. A precisão de seus fundamentos está articulada à ética do desejo, justamente por isso que torna a psicanálise um saber sobre o inconsciente que aponta à singularidade do sujeito.
No que diz respeito à psicanálise, para pensarmos o sujeito, a pulsão, o significante e o objeto, faz-se necessário referir-se às operações provocadas pelo corte simbólico e suas consequências, circunscrevendo seus elementos técnicos e teóricos operadores na clínica. Como psicanalistas, não podemos não considerar o saber que funda a sua prática: que a torção significante que cada sujeito precisa operar para poder se fazer representar, está intrínseco à função do corte, mas também contingente de cada época, pois é daí que surge o saber que constitui o sujeito.
Diante dessas proposições psicanalíticas, nos colocamos novamente a questão: Quais as operações que inauguram o sujeito na concepção psicanalítica? Que sujeito se escuta, já que alienado do que lhe causa, apresenta-se como ignorante do seu desejo? Porque é tão difícil para o sujeito reconhecer-se faltante, castrado?
O quê? VIII Jornada Tubaronense de Psicanálise
Quem? Conferencista convidado: Claudemir Pedroso Flores. Mais apresentação de Mesas de Trabalho
Quando? Sábado, 28 de outubro de 2023, às 13h
Onde? Sede da Associação Movimento Psicanalítico Sul Catarinense e on-line (Evento híbrido).
Quanto? R$ 50,00 (Associados AMPSC); R$ 100,00 (participantes externos).
Sobre o conferencista: Claudemir Pedroso Flores é Psicanalista, membro da Maiuêtica - Instituição Psicanalítica, Doutorando em Literatura, e pesquisador do Núcleo de Estudos Benjaminianos (UFSC).
Sede AMPSC: Rua Tubalcaim Faraco, n. 85, Sala 603. Ed. Center Park, Tubarão-SC
A VII Jornada Tubaronense de Psicanálise – O Corpo na Psicanálise chega a partir da perspectiva do debate, da interlocução da clínica e da transmissão. Nesta edição, propomos esta temática como uma perspectiva do sujeito e do outro, para pensar o corpo em sua dimensão e sua complexidade. E foi assim desde a descoberta freudiana do inconsciente, quando os corpos abarcavam sintomas da histeria, e a partir dessa escuta a psicanálise foi se constituindo. O corpo sempre fazendo presença e ausência e a todo tempo está na teoria psicanalítica. Lacan traz esse corpo atravessado pela linguagem, corpo que não é sem ser falado, e que aparece desde a constituição do sujeito.
No decorrer deste ano, propomos trabalhar a partir de Grupos de Estudos e Seminários Preparatórios sobre o Corpo na Psicanálise. Abordamos o Corpo em seus diversos paradigmas contemporâneos na clínica e no social. Assim, convidamos psicanalistas para ministrarem Seminários Preparatórios sobre o tema, onde tivemos como interlocutores e temáticas: Maurício Eugênio Maliska - “O corpo trans entre gozo e política: a anatomia é o destino”; Lores Pedro Meller - “A teoria das pulsões”; e Marilena Deschamps Silveira - “Da violência e do silenciamento: o corpo em desamparo”.
A escolha de “O Corpo na Psicanálise” se deu a partir de questões que atravessavam o corpo de nossa instituição no momento da decisão, mas que durante todo este ano de trabalho em torno da temática, nos deparávamos com tantos outros interrogantes que produziram e que continuam produzindo trabalho em nossos associados. Deste modo, questões frente sexualidades, raciais, violência, ditadura da beleza, o corpo na clínica, entre tantas outras questões que foram trazidas e que entendemos a necessidade de serem discutidas, faladas e articuladas pela psicanálise.
E para dar continuidade ao trabalho, a programação contará com conferência de abertura no dia 18, que será ministrada por Rosa Maria Marini. A jornada ainda será composta por mesas de trabalhos temáticas e debates nos dois dias. E, para o encerramento, dia 19, desta VII Jornada, contaremos com uma Conferência de Tereza Nazar, psicanalista convidada.
Inscrições de trabalhos encerradas.