“Fundo - tão sozinho quanto sempre estive em minha relação com a causa psicanalítica - a Escola Francesa de Psicanálise, da qual garantirei, nos quatro próximos anos pelos quais nada no presente me proíbe de responder, pessoalmente a direção”. (Lacan, Ato de fundação, 2003, p. 235)
A IX Jornada Tubaronense de Psicanálise que acontecerá no mês de outubro de 2024, tem como tema principal a formação do psicanalista intitulando-se “ A(barrado) formação do psicanalista em crise e o lugar da instituição psicanalítica”, pretende abordar questões que interrogam os psicanalistas frente ao processo formativo do analista na atualidade.
As mesmas perguntas que ocuparam Freud e ainda hoje ocupam as sociedades psicanalíticas contemporâneas, nos atravessam e nos convocam a refletir sobre o campo psicanalítico e a formação psicanalítica nas escolas, assim como nos ensina Lacan, em seu ato de fundação, apontando um caminho possível para pensar a transmissão da práxis psicanalítica.
Freud nos ensina que para tornar-se psicanalista, o sujeito precisa tornar-se candidato à análise, passar por sua análise pessoal, além de estudar a teoria e realizar supervisão dos seus atendimentos a fim de manter-se no lugar de analista. De modo que a escuta de um analista de controle, possibilita a operação da relação dual entre analista e analisando.
A partir do exposto, podemos então elaborar alguns questionamentos:
Como o saber inconsciente, vivido na práxis clínica, pode ser transmitido um a um? Como podemos apreender que a experiência da transferência possa despregar seus efeitos no tratamento para que uma prática psicanalítica possa assim ser reconhecida? E por fim, qual o lugar da instituição para a formação do analista?
As palavras de Lacan no ato de fundação de sua “Escola”, têm servido como direção para a emergência de muitas instituições com a proposta de transmitir o legado de nossos mestres. No entanto, há um elemento importante e ao mesmo tempo delicado no que Lacan escreveu, diante da apropriação e má compreensão de suas palavras - obviamente não há comunicação sem equívoco - quando menciona que funda a escola, tão sozinho quanto sua relação com a causa psicanalítica.
A intenção do dito lacaniano, referente a excomunhão, produz também o sentido de enunciação, que nos leva a pensar que cada candidato a analista leva sua formação e sua autorização como analista por caminhos muitas vezes solitários, individuais e singulares. A importância desse tema, marca o desafio com o qual os psicanalistas se deparam em seu trabalho cotidiano sobre o pensar sua formação permanente.
A partir do exposto, convidamos aos analistas em formação permanente, a participar de mais uma jornada psicanalítica, que nos convoque a pensar a psicanálise, o lugar da formação e da instituição, além de seus atravessamentos na atualidade.
O quê? IX Jornada Tubaronense de Psicanálise
Tema: A(barrado) formação do analista em crise e o lugar da instituição psicanalítica
Convidado: Jorge Sesarino
Quando? Sábado, 26 de outubro, das 8h30 às 17h
Onde? Art Hotel, Tubarão - Av. Marcolino Martins Cabral, 682 - Centro
Quanto? Inscrições até 19/10: Associados AMPSC, R$90,00; Estudantes, R$ 90,00; Profissionais, R$180,00;
inscrições a partir de 20/10: Associados AMPSC, R$140,00; Estudantes, R$140,00; Profissionais, R$230,00.
Cronograma da Jornada:
8h30 - Credenciamento
9h - Conferência com Jorge Sesarino
11h30min - Mesa de Trabalho: A formação do analista
12h30min - Almoço
14h - Retorno
14h30min- Mesa de Trabalho: O analista e a transmissão da Psicanálise
15h30min. - Mesa de Trabalho: Casos clínicos e a supervisão: recortes da práxis analítica
16h30min - Encerramento
17h - Coquetel
Art Hotel: Av. Marcolino Martins Cabral, 682 - Centro, Tubarão - SC,
A VIII Jornada Tubaronense de Psicanálise, que acontecerá dia 28 de outubro de 2023, tem como tema principal “O sujeito na psicanálise e a clínica contemporânea”, de onde resultou o título: “ Que sujeito se escuta? ”
Título esse que é uma provocação, pois, até que ponto, o analisante se coloca na escuta do seu inconsciente? Ou ainda, quem é o sujeito e o que ele demanda da clínica psicanalítica na atualidade? ” Pensar a clínica psicanalítica, requer antes de tudo, que possamos demarcar o sujeito que a concerne.
Freud, a partir de sua experiência clínica aponta para o sujeito do desejo, articulando-o ao princípio do prazer e à repetição. Tais pressupostos lhe deram condições de estabelecer não só a teoria psicanalítica e o sujeito do inconsciente, como também, a inventar uma prática para o tratamento psíquico.
A importância desse tema, marca o desafio com o qual os psicanalistas se deparam em seu trabalho clínico cotidiano: articular os fundamentos teóricos da psicanálise sobre o sujeito do inconsciente, a partir de Freud e seguindo por Lacan, aos tempos recentes, aos quais os analistas são impelidos à considerar, devido à permanente impossibilidade da psicanálise, como também de outros saberes, frente à questão sempre tangente da articulação conceitual de sujeito e seus sintomas.
De tal modo que retornar à Letra freudiana e seus pressupostos, significa considerar aquilo que funda o sujeito do inconsciente: o corte simbólico, a barra que divide o sujeito. A inscrição do corte simbólico, também denominado por castração, designa uma experiência psíquica importante, convocando o sujeito a reconhecer o lugar da incompletude e da falta. Entretanto, é o que possibilita o advir do inconsciente como uma instância psíquica que constitui o sujeito como dividido, de acordo com Lacan, pois se há falta, há desejo. Mesmo diante da mutações sociais e avanços teóricos de outras áreas de saber, o rigor exigido pela psicanálise, de seus conceitos e sua técnica, não pode ser lido como rigidez. A precisão de seus fundamentos está articulada à ética do desejo, justamente por isso que torna a psicanálise um saber sobre o inconsciente que aponta à singularidade do sujeito.
No que diz respeito à psicanálise, para pensarmos o sujeito, a pulsão, o significante e o objeto, faz-se necessário referir-se às operações provocadas pelo corte simbólico e suas consequências, circunscrevendo seus elementos técnicos e teóricos operadores na clínica. Como psicanalistas, não podemos não considerar o saber que funda a sua prática: que a torção significante que cada sujeito precisa operar para poder se fazer representar, está intrínseco à função do corte, mas também contingente de cada época, pois é daí que surge o saber que constitui o sujeito.
Diante dessas proposições psicanalíticas, nos colocamos novamente a questão: Quais as operações que inauguram o sujeito na concepção psicanalítica? Que sujeito se escuta, já que alienado do que lhe causa, apresenta-se como ignorante do seu desejo? Porque é tão difícil para o sujeito reconhecer-se faltante, castrado?
O quê? VIII Jornada Tubaronense de Psicanálise
Quem? Conferencista convidado: Claudemir Pedroso Flores. Mais apresentação de Mesas de Trabalho
Quando? Sábado, 28 de outubro de 2023, às 13h
Onde? Sede da Associação Movimento Psicanalítico Sul Catarinense e on-line (Evento híbrido).
Quanto? R$ 50,00 (Associados AMPSC); R$ 100,00 (participantes externos).
Sobre o conferencista: Claudemir Pedroso Flores é Psicanalista, membro da Maiuêtica - Instituição Psicanalítica, Doutorando em Literatura, e pesquisador do Núcleo de Estudos Benjaminianos (UFSC).
Sede AMPSC: Rua Tubalcaim Faraco, n. 85, Sala 603. Ed. Center Park, Tubarão-SC
A VII Jornada Tubaronense de Psicanálise – O Corpo na Psicanálise chega a partir da perspectiva do debate, da interlocução da clínica e da transmissão. Nesta edição, propomos esta temática como uma perspectiva do sujeito e do outro, para pensar o corpo em sua dimensão e sua complexidade. E foi assim desde a descoberta freudiana do inconsciente, quando os corpos abarcavam sintomas da histeria, e a partir dessa escuta a psicanálise foi se constituindo. O corpo sempre fazendo presença e ausência e a todo tempo está na teoria psicanalítica. Lacan traz esse corpo atravessado pela linguagem, corpo que não é sem ser falado, e que aparece desde a constituição do sujeito.
No decorrer deste ano, propomos trabalhar a partir de Grupos de Estudos e Seminários Preparatórios sobre o Corpo na Psicanálise. Abordamos o Corpo em seus diversos paradigmas contemporâneos na clínica e no social. Assim, convidamos psicanalistas para ministrarem Seminários Preparatórios sobre o tema, onde tivemos como interlocutores e temáticas: Maurício Eugênio Maliska - “O corpo trans entre gozo e política: a anatomia é o destino”; Lores Pedro Meller - “A teoria das pulsões”; e Marilena Deschamps Silveira - “Da violência e do silenciamento: o corpo em desamparo”.
A escolha de “O Corpo na Psicanálise” se deu a partir de questões que atravessavam o corpo de nossa instituição no momento da decisão, mas que durante todo este ano de trabalho em torno da temática, nos deparávamos com tantos outros interrogantes que produziram e que continuam produzindo trabalho em nossos associados. Deste modo, questões frente sexualidades, raciais, violência, ditadura da beleza, o corpo na clínica, entre tantas outras questões que foram trazidas e que entendemos a necessidade de serem discutidas, faladas e articuladas pela psicanálise.
E para dar continuidade ao trabalho, a programação contará com conferência de abertura no dia 18, que será ministrada por Rosa Maria Marini. A jornada ainda será composta por mesas de trabalhos temáticas e debates nos dois dias. E, para o encerramento, dia 19, desta VII Jornada, contaremos com uma Conferência de Tereza Nazar, psicanalista convidada.
Inscrições de trabalhos encerradas.